E aí, Corredor?!
Rio de Janeiro, 7 de julho de 2013. Um sol ameno anunciava a alvorada na cidade maravilhosa. Eram 7h30 da manhã, quando começou a aventura de participar de mais uma Maratona Internacional do Rio de Janeiro.
A Maratona de 2013 foi, com certeza, a mais carioca de todas as que fiz. Um belo dia de sol embelezava a paisagem pelo percurso e era impossível não ficar extasiado pelas belezas que se mostravam a cada quilômetro vencido. No Elevado do Joá e na Avenida Niemayer vi vários corredores parando para tirar fotos do mar e das praias, registrando aquele momento tão especial e único.
Mas a corrida este ano me reservou algumas surpresas, que aconteceram bem antes de começar a vencer os 42,195 KM da prova. Ainda em abril um esporão calcâneo apareceu, trazendo dores agudas no tornozelo direito e comprometendo os treinos desde o início, primeiro, adiando o meu início nos longões específicos para a prova e depois, fazendo com que eu mudasse completamente minha mecânica de corrida durante os outros longões que fiz.
Só que no dia da prova a lesão não foi o pior dos obstáculos. Tudo bem que, por consequência dela, fiquei receoso demais, terminando por fazer uma prova bem conservadora, sem querer correr riscos. O único risco que cometi foi experimentar, no dia da prova, uma suplementação nova, o que trouxe resultados catastróficos no decorrer da corrida. E ainda, para completar, larguei muito atrás, passando pelo pórtico com quase 4 minutos de atraso, o que resultou num início de prova com pista cheia e ritmo muito mais lento que o planejado.
Em 2012, meu melhor resultado na Maratona, 3h41 de prova |
Histórico - O Rio de Janeiro foi o palco das minhas duas outras Maratonas. A primeira, em 2010, que corri sem treinamento específico e acabei fazendo meio "na louca" mesmo. O resultado foi terminar a prova trotando os últimos 6K devido a uma forte contratura na panturrilha que quase me impediu de completar a prova. Mas fiz, na raça, completando em 4h11 os 42,195 KM.
Ano passado, 2012, a melhor corrida que já fiz até hoje, perfeita em todos os aspectos. Cheguei ao Rio bem treinado, confiante e com uma estratégia definida para completar o percurso. Meu único objetivo era fazer em menos de 4h. Para isso, fiz todos os treinos necessários - academia de duas a três vezes por semana e, a partir de abril, longões pelas ruas de Brasília, com o acréscimo gradual da distância, tudo acompanhado pelo amigo e professor Nirley. O resultado foi uma prova, para os meus padrões, impecável, sem sentir nada de dor nem cansaço, perfeita em todos os sentidos e com um tempo total de 3h41.
Em ambas, o frio inverno de julho tinha chegado à cidade, e corremos sob um tempo nublado, com chuva, e pista molhada, algo bem diferente do que viria a acontecer na Maratona deste ano, 2013.
Cerca de 7 mil participantes correram a Maratona do RIo este ano |
Maratona de 2013 - Vários obstáculos comprometeram um desempenho melhor que 2012 para a Maratona deste ano. O primeiro deles foi o aparecimento de uma lesão. Logo no início de abril, quando os treinos deveriam começar, surgiu, depois de correr uma Meia Maratona - a Golden Four no Rio - uma dor aguda no tornozelo direito, que não parava nem depois de um repouso. Depois de uma consulta médica o diagnóstico: estava com um famigerado esporão calcâneo, o que me comprometeu as duas semanas seguintes de treinamento.
Depois de 10 sessões de fisioterapia e de várias dicas de alongamento, a dor retrocedeu mas não acabou de vez. Tive que mudar minha mecânica, alterando demais minha pisada e corri os longões sempre desconfiado, com uma pequena dorzinha me acompanhando e me deixando desconfiado. Mas, depois do longão de mais de 30K, resolvi que dava para encarar, mesmo sob o efeito da lesão.
No dia da prova porém o receio da lesão me quebrar me tirou um pouco a razão e, antes mesmo da largada, já comprometi toda a minha estratégia. De cara, larguei atrasado demais, passando pelo pórtico com quase 4 minutos do apito inicial. O resultado foi encarar os primeiros 3 KM no recreio de pista cheia de corredores e tendo que correr num ritmo bem mais lento do que planejava para o início.
Em Ipanema, por volta do 33º KM |
Depois, buscando uma melhor performance, resolvi experimentar uma suplementação diferente que acabou resultando em fortes dores de barriga durante a prova e uma necessária parada em um banheiro no meio da corrida. Um erro amador, pois, mesmo que o suplemento estivesse dando resultado para outros amigos, não foi no dia da prova que eles o experimentaram como eu fiz. Um grande e total "vacilo" meu.
E ainda tinha o esporão, que trouxe reflexos bem mais cedo do que eu esperava na prova. Antes mesmo de completar os 21K, comecei a sofrer as consequências de treinar sob seu efeito. Como estava compensando demais com a perna esquerda para sentir menos o impacto na direita, onde a lesão me afetava, uma dorzinha leve apareceu na panturrilha, o que me assustou por ser ainda tão cedo. Todo o trauma de 2010, quando comecei a sentir dores na panturrilha que mais tarde se transformaram numa contratura e quase me tiraram da prova, voltou a me atormentar, e aí passei a fazer uma corrida bem conservadora, num ritmo mais lento do que havia planejado e com algumas paradas nos postos de hidratação para um rápido alongamento, que fazia tanta para a panturrilha quanto para o calcanhar lesionado.
Este coquetel de confusões - largada atrasado, trânsito excessivo no início, parada para o banheiro, dor na panturrilha, esporão - evidentemente comprometeu meu desempenho. Se em 2012 fiz os mais de 42 KM em 3h41, chegando inteiro e comemorando, neste ano (2013) terminei em 4h09 o percurso (4h04 se desconsiderarmos a parada no meio da prova no banheiro).
Mas mesmo assim gostei do resultado. Afinal, diante de tantos problemas, consegui terminar a minha terceira Maratona, imprimindo um sprint nos 500 metros finais e sabendo que podia, mesmo com tudo isso, ter feito uma prova melhor. E ainda pude correr mais relaxado, apreciando a paisagem que o percurso proporcionava, ainda mais bonita pelo sol.
Amigos - Se este foi o ano com recorde de participantes na Maratona do Rio, que teve cerca de 7 mil atletas, mais que o dobro do ano passado, também foi o recorde de participantes na modalidade de amigos da Equipe X.
O mais importante para fazer uma Maratona: a companhia dos amigos
Vale lembrar que a Equipe X também teve participantes na Meia Maratona e na Family Run.
Retirada do kit foi rápida apesar do grande número de pessoas |
Organização - A Maratona Internacional Caixa Cidade do Rio de Janeiro de 2013 não perdeu em qualidade para a do ano passado. A única falha foi a mudança do local de entrega do kit para um ambiente mais apertado e sem tantas atrações como em 2012. De resto, o kit estava no padrão, a medalha ficou mais bonita e a prova foi muito bem organizada, mais até que nos outros anos que corri.
Postos de hidratação foram colocados a cada 3,5 KM. Apenas do primeiro para o segundo senti uma demora maior, mas que não comprometeu demais. E a cada 7K, fartura de isotônico, servido num prático saquinho que ajudava na hora de beber, evitando da gente se melar.
Conclusão - Quem corre tem que encarar um dia uma Maratona! A experiência é indescritível e a sensação de vitória é fantástica. Não é fácil superar os mais de 42 KM, complicação que já vem dos treinos, com longões que chegam a tirar a gente do convívio social.
Por isso é que cruzar a linha de chegada, mesmo que 7 horas depois, é emocionante e não são poucos os que chegam aos prantos, homens e mulheres. Só conhece quem encara e vence o desafio. Isso pude perceber pela minha experiência pessoal e pela conversa com os amigos que conseguiram realizar o feito em cada um dos anos que participei junto com eles.
Recomendo: se você corre, planeje uma Maratona, nem que seja só uma, para fazer se ainda não fez.
Boas passadas.
Na chegada, emoção tão intensa quanto das outras duas Maratonas já realizadas |
4 comentários:
Parabéns pela garra, amigo !! O dia estava quente, né, prejudicando os corredores. És GUERREIRO. Meu carinho.
Muito maneiro Caíque
Estou me vendo numa parte do seu post.
Era para eu estar com todo o gás para minha estrei na maratona, mas um inc^modo no joelho está me afastando dos treinos e a cada dia a maratona fica mais distante.
Parabéns pr ter vencido
ABraços
Ivana, Luiz,
Obrigado pelo apoio. Realmente, as surpresas foram muitas mas, de um jeito ou de outro, o desafio foi vencido mais uma vez. É uma prova mágica realmente esta tal de Maratona, e eu recomendo correr a do Rio, com sol mesmo, por que o Rio fica com cara de Rio. As dificuldades são minimizadas pela beleza da paisagem pelo caminho.
Luís, lesões existem mas com paciência e disciplina, a gente consegue melhorar sim. Torço por você, corredor!
Boas passadas.
Olá Caique, lendo seus últimos posts percebi que não tinha comentado justamente nesse relato, acho que tinha lido no celular e deixado para comentar depois.
Cara parabéns, você é um guerreiro. Com tantas surpresas e dificuldades você ainda foi lá e conquistou os 42km e isso que importa, né.
Lendo seu relato minha vontade de estrear na maratona só aumenta.
Esse ano ainda tenho algumas provas alvo (Golden4Asics BSB e Circuito Caixa, por exemplo) e outras participativas, só para diversão ou treino (Meia de Buenos Aires, Mizuno 10miles), espero te ver em alguma dessas.
Abçs, e como vc fala, BOAS PASSADAS
Danilo Confessor
Postar um comentário