segunda-feira, 8 de junho de 2009

O PRAZER DE CORRER

E aí, corredor?!

Nuno Cobra, treinador de grandes atletas brasileiros, escreve na revista O2, edição de maio:
"Faça da corrida um meio dos mais excelentes para desenvolver seus corpos emocional, mental e espiritual. Faça uma corrida justa, equilibrada e acima de tudo saudável. Viva com a corrida e não se mate com ela. Uma corrida em que você se agride não é uma corrida e sim uma tortura.".

Pois é. Esta afirmação me fez pensar que tenho seguido bem estes ensinamentos. Desde o começo meu objetivo com a corrida foi a saúde, tanto física com mental. Nunca pensei em quebrar recordes, superando meus tempos. Pensei apenas em correr e por muito tempo desde o dia que adotei nela o meu esporte.

Hoje, inclusive, sinto que a corrida começa mesmo para mim quando já estou lá pelo 3, 4 quilômetro. É quando sinto que o corpo e a mente estão ligados, buscando um único objetivo: correr. Dar as passadas com conforto, respirar com tranquilidade, poder observar tudo a volta, sentir a música no MP3 plenamente, escutar os batimentos do coração em sintonia com a respiração e com o atrito dos pés no asfalto. Ou seja, quando estou plenamente na corrida, não pensando em mais nada, com a mente completamente limpa, vazia de qualquer outro pensamento.

Este é o meu prazer de correr. O início nem sempre é gratificante, mas parto para as passadas por que sei que daqui a alguns quilômetros estarei neste êxtase. 
   
Quero correr por muito tempo, até velhinho, mesmo que esteja quase caminhando para completar uma prova. Tudo para poder sentir este êxtase até o resto da minha vida. Se sinto uma dor, já reduzo a carga ou a intensidade do treinamento. Se percebo que uma prova não me trouxe tanto prazer procuro analisar o que eu fiz durante a prática para não repetir aquele erro.

A Volta da Pampulha de BH foi a corrida, até hoje, que tive mais prazer em correr. Seus 18k foram superados com facilidade. Curti cada centímetro da prova, vibrando com os curiosos que acompanhavam a prova, com os colegas corredores. Desde a viagem de Brasília para a capital mineira já ia curtindo o passeio e a experiência. E a baixa altitude da cidade ajudou para que eu superasse a distância com uma tranquilidade até surpreendente para mim. Me lembro de cada momento da corrida. E tenho tudo isso gravado na memória até hoje. Foi a primeira prova que corri com uma distância maior que 10k.

A Meia Maratona Internacional da Caixa que corri este ano em Brasília já não foi assim. Corri tranquilamente até o 20 quilômetro, mas no final, meu corpo estava completamente extenuado pelo ritmo diferenciado de corrida, pela altitude, a falta de oxigenação provocada pelo esforço repetitivo e esta altitude de Brasília. Superei os 21k com louvor e a ajuda de uma amigo. Foi uma prova de análise e de estudo. Precisava correr uma prova com esta distância para saber se enfrentaria no futuro uma maratona e, principalmente, como preparatória para a Meia Maratona do Rio de Janeiro, em setembro. A corrida foi prazerosa, mas não plenamente.

E é assim que crio meu objetivos nas provas. Cada uma tem sua história, sua particularidade. Em todas tive prazer, mas algumas mais e outras menos. Enquanto alguns colegas colocam na quebra de recordes suas metas, meus objetivos são apenas conseguir tirar o máximo de prazer em cada prova, entendo como o meu prazer correr sem sacrifício, apenas com curtição, com todos os sentidos conectados: passadas, respiração, batimentos, músculos, movimentos.

Boas passadas.


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