segunda-feira, 10 de outubro de 2011

APOLOGIA AOS "PIPOCAS" NAS CORRIDAS

E aí, Corredor?!

Abri somente nesta semana a Revista O2, a melhor publicação específica sobre o nosso esporte que conheço. E, entre os editoriais, me chamou a atenção o do jornalista Marcos Caetano, com o título "Cai fora, Pipoca".

No texto do jornalista, ele chama de "pipoca" de oportunistas, que vão às provas apenas para ganhar uma camiseta. Como diz o texto de Caetano:
"Os Pipocas, para quem não sabe, nem são corredores de verdade. Gente que disputa provas para exibir fantasias, faixas, cocares, pernas de pau... tudo o que for necessário para o seu principal objetivo: aparecer na televisão. Pulam mais do que correm, daí o apelido de pipoca.".

Bem, entendo a revolta do jornalista aos "pipocas", no sentido que ele menciona. Despreocupados que são, não entendem que naquele momento em que ele para só para aparecer na TV ele pode estar atrapalhando pessoas que treinaram para correr aquela prova. Mas daí a generalizar e jogar todo mundo "no mesmo saco", acredito que foi exagero.

Não sou um corredor de tantas provas diferentes assim. Corro em Brasília, onde moro, e já corri no Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Florianópolis em corridas oficiais. E em todas estas encontrei os "Pipocas" do Marcos Caetano. Lembro, na Volta da Pampulha em BH, que encontrei um Caveira, um sujeito que correu os 18k da prova com uma fantasia preta com desenho de um esqueleto. Encontrei o caveira na entrega dos kits, e na corrida. E ele estava correndo como todo mundo, e ainda mais com uma fantasia nada propícia para o esporte. 

Tudo bem, deve ter feito de tudo para aparecer diante das câmeras, mas estava correndo, participando, e com número de peito. Ou seja, pagou para correr.

No Rio, na minha primeira Meia Maratona Internacional, encontrei um casal, também devidamente inscrito, que estavam fantasiados de noivo e noiva por que eles haviam se casado recentemente e comemoram a união na prova, "casando" nela e correndo juntos. Fui "testemunha", assim como outras centenas de atletas, do casamento. E tudo aconteceu sem atrapalhar ninguém.

A maioria das provas oficiais que participo eu pago para participar, mas já corri de "pipoca", que para mim é aquele corredor que não paga a inscrição mas corre a prova assim mesmo. No meu caso, fui com um cinto com garrafinhas contendo água e nem usei a hidratação da prova. Mas corri para acompanhar outra pessoa. E não atrapalhei ninguém a correr.

Concordo que temos que combater a "falta de educação" nas corridas, daquela turma que realmente atrapalha. Concordo que quem corre com a inscrição de outra pessoa nem tem que ficar para esperar um prêmio, apenas correr e, olhe lá, pegar a medalha. Mas nada de radicalismos.

O preço das corridas de rua, depois de sua popularização, ao invés de ficarem mais em conta fizeram foi aumentar de preço demais. Quando comecei a correr, em 2006, pagava R$ 35,00 por uma inscrição. Tudo bem, o kit não era de tanta qualidade, mas não devia tanto ao atual. E hoje a gente paga no mínimo R$ 50,00 em uma prova. 

É um custo alto, e não dá para todo mundo pagar por todas as provas que acontecem. Em Brasília, tem uma a cada final de semana, quando não mais de uma. Isso sem contar as provas nos feriados.

Eu "pipoquei" uma vez até hoje. Quando não paguei, resolvi correr em outro lugar. Mas não acho que os "pipocas" tem que ser banidos das corridas de rua. Daí que nosso esporte perde em popularização. Acho até que esta é a melhor forma de divulgar e trazer mais adeptos para a modalidade. Mas que eles precisam ser orientados, isso sim.

Saber onde largar, como se portar na hora da hidratação, como correr, como se exibir para as câmeras talvez sejam fórmulas mais saudáveis e menos truculentas de educar o "pipoca". O sucesso das corridas está também nos fantasiados, nas brincadeiras como a do casal que "casou" simbolicamente durante a prova. Mostra a magia do esporte e o quanto ele é democrático. Banir, não concordo.

Boas passadas. 

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